sexta-feira, 22 de abril de 2011

GOA PORTUGUESA


O estado de Goa, na costa Oeste, mostra aos olhares estrangeiros algo entre o peculiar e o exótico, mistura que rapidamente revela uma outra Índia, diferente de qualquer parte do país. Seja na arquitetura, na linguagem ou no modo de vida da população, tudo ganha ares particulares. Ex-colônia portuguesa, assim como as cidades de Diu e Damão, guarda ainda raízes da língua portuguesa e exibe as influências europeias nas edificações em estilo colonial. Aliás, andar por Goa é sentir-se em casa. Em Panaji, a capital, as igrejas com a praça logo em frente cercadas por antigos casarões parecem as cidades históricas de Minas Gerais. Outras vezes, vielas e as escadarias em ruas estreitas dão a impressão de se estar em Lisboa. Sentimento ainda mais forte quando se vê o nome de logradouros indicados em finos azulejos. Ou quando os azulejos estão bem na entrada dos imóveis, escancarando o nome da família proprietária. Um verdadeiro pedaço de Portugal!
Os portugueses de Goa formam uma espécie de clã, orgulhoso de suas origens e saudoso dos tempos da colônia. Sangue português correndo nas veias e condenação no lugar da libertação são alguns dos conceitos repetidos inúmeras vezes por diferentes pessoas. O reduto de muitos é a Loja do Bento, especializada na venda de vinhos produzidos na Índia ou em Portugal e uísques. Local movimentado pelo vaivém de quem passa para beber um trago, dizer apenas “Oi” ou sentar para uma prosa mais longa. Aliás, de boa prosa eles entendem bem e são capazes de passar horas a fio contando um bom “causo”! Sem falar do futebol… Torcedores do Sporting e do Porto travam verdadeiras batalhas esportivas, engraçadas aos ouvidos de quem é neutro dentro do campo.
Na companhia de Sélvio Fernandes, o típico indiano com cara de português, descobrimos a hospitalidade goesa, várias facetas da cultura local e uma amizade livre de fronteiras. Além de um passeio gastronômico em elegantes restaurantes, em casa ou na simplicidade de um estabelecimento à beira-mar, dono de uma fineza culinária inesquecível. E como se não bastasse tanta generosidade, ele ainda é do tipo que ajuda no que precisar, a qualquer momento, sem pestanejar.
Mas, Goa tem várias faces. E, justamente por isso, atrai muitos turistas estrangeiros, principalmente em busca de sol e mar nos vilarejos – nesses locais, é grande a quantidade de russos e outras nacionalidades da Europa do Leste. E turistas significam injeção de dinheiro, um movimento que chega ao nível da ganância e que muda a cara de antes pacatas cidades. Não é possível andar 10 metros – sem qualquer exagero – sem ouvir a pergunta “Táxi?”, seja na capital ou, incrivelmente, até nos vilarejos, nos estreitos e sinuosos caminhos de terra até a praia. No fim do dia, a paciência fica inversamente proporcional à quantidade de abordagens. O pior é o preço cobrado, que ultrapassa os limites do bom senso.
No caso das praias, como em Anjuna, uma das cidades mais procuradas pelos estrangeiros, a frase-chave, num inglês parco, é: “Come visit my shop”. A “loja” nesse caso é uma tenda improvisada ao longo do caminho ou à beira-mar vendendo, principalmente, roupas. Ou, ainda, o modelo ambulante: todas as mulheres soltam as mesmas frases – “How are you?” e “From?” – para, em seguida, oferecer as bijouterias guardadas em pequenas caixas. Tudo normal se isso não ocorresse 10 mil vezes num curto período de tempo.
A comida também é um nó: além de ser muito mais cara que em Mumbai, por exemplo, tem uma qualidade bem inferior. O problema é que os moradores desses lugarejos têm seis meses para fazer dinheiro para os próximos seis, quando as chuvas chegarão e os turistas terão ido embora. Assim, explorar se torna básico, mesmo quando a oferta de restaurantes, táxis e “shops” é muito maior que o número de estrangeiros.
Os estrangeiros, aliás, além de capital em potencial, são a atração dos turistas indianos, por causa da roupa de banho. Indianos só entram no mar vestidos completamente (com a roupa do dia a dia mesmo, embora alguns homens se arrisquem a ficar de calção), em bando e não passam da espuminha. Logo, para eles é incrível ver as mulheres de biquíni, os homens de sunga e entrando mar adentro. A cena é motivo para homens e mulheres nativos passarem horas observando, tirar fotos ou até mesmo pedir aos estrangeiros para posar ao lado deles. Os mais tímidos preferem ser fotografados com os “peladões” ao fundo, numa discrição muito mal ensaiada!
DROGAS Outra face de Goa são as drogas lícitas e ilícitas. Como o estado é zona franca, o preço das bebidas é irrisório. Uma dose de uísque, por exemplo, custa cerca de R$ 1. Já uma garrafa de cerveja 600ml sai por menos de R$ 2. Também ponto forte do comércio, no caso das praias mais frequentadas pelos estrangeiros, é a venda de entorpecentes em qualquer canto e a qualquer hora do dia e da noite.
E, outra particularidade desses locais: nesse caso, em território de indiano o que se ouve é música eletrônica ou trance, seja na música ambiente dos restaurantes ou em festas organizadas à noite em bares à beira-mar. A maioria esmagadora dos frequantadores são turistas de fora do país, normalmente também responsáveis pela organização. Poucos indianos espreitam o que se passa, alguns na expectativa de flertar ou ter algo a mais com alguma estrangeira, já que entre os hindus o namoro é um capítulo bem diferente.
Mas isso não ofusca os bons momentos, como aqueles do fim do dia, na volta da praia, com parada obrigatório para jogar conversa fora com o funcionário Santoshi, um indiano que fala tudo o que os outros não falam, o suíço Bent (casado com uma indiana) e o finlandês Jan (lê-se Ian. Ele trabalha na bolsa de valores, passa cinco a seis meses em Goa há três anos consecutivos e opera as ações de seu computador, algumas horas do dia, longe do frio e bem perto do sol. Em junho, volta para casa para aproveitar o verão da Finlândia) .
Ou a oportunidade de participar de uma das datas mais importantes da Índia, o Holy Day, celebração da alegria, da chegada do ano novo dos hindus, em que a ordem é jogar pó colorido uns nos outros. Momentos em que se aprende um pouco mais sobre as concepções de vida de cada um e as surpresas de um mundo nem tão grande assim.


quarta-feira, 13 de abril de 2011

GALERIA DE FOTOS 3

Mais uma sequência de fotos para vocês também seguirem viagem! Agora, imagens de Mumbai, o centro econômico da Índia; de Goa, estado que já foi colônia de Portugal; e da cidade de Kundapura, no estado do Karnataka, mais ao Sul do país.

Cenas dos trens e das loucas estradas indianas também estão retratadas nesta galeria.

Apreciem!