terça-feira, 11 de setembro de 2012

AH! VIÑALES…


            Saímos de Havana direto para Viñales, na província de Pinar del Río, a três horas e meia da capital. A pequena cidade, no meio das montanhas, está localizada aos pés do Parque Nacional de Viñales. Aconchego, hospitalidade, charutos, passeios por cenários paradisíacos e boa comida são algumas das atrações de um dos melhores lugares que já visitamos.
            O lugar é recomendado pelos próprios cubanos, que o consideram uma pérola. Para ir é fácil, basta procurar no hotel uma das excursões ou pegar o ônibus na rodoviária – o que custará exatamente o mesmo preço, como explicamos em post anterior. 
            O bom de Viñales é ficar hospedado numa das 250 casas particulares disponíveis na cidade (20 CUC a noite). Há um hotel, mas, nesse caso específico, a recomendação geral são as casas de família. Algumas delas têm quartos apenas, outras têm casas independentes para o turista ficar bem à vontade. Mas, apesar de tantas opções, reserve antes de ir. Isso porque a chegada de turistas é marcada por uma euforia um tanto quanto exagerada.
            Chegamos à cidade às 17h30 e, no ponto da Viazul, havia, sem exagero, umas 40 pessoas com cartões, gritando desesperadamente para os estrangeiros escolherem a sua casa. Detalhe: havia apenas 10 turistas dentro do ônibus. Logo, a recepção foi um pouco chata, com pessoas nos pegando pelo braço, todos falando ao mesmo tempo, numa loucura total. Gostamos muito de chegar aos lugares e descobrir por lá um bom hotel. Felizmente, dessa vez reservamos previamente. A nossa anfitriã estava à espera, com um cartaz “Yunia do Brasil” (o “j” foi-se embora, nada grave). 
            A cidade é um mimo. Gente pacata, casas colonais e nada de uma abordagem após a outra em busca de dinheiro, como em Havana. Há diversas opções de passeio. Quem gosta de natureza pode se aventurar pelas grutas do parque nacional ou fazer uma caminhada ou cavalgada dentro dele. As visitas são guiadas. Nas casas, não faltarão também ofertas para conhecer as fazendas cheias de frutas tropicais, verduras e legumes – o que para nós brasileiros não chama atenção. Mas, dependendo da época do ano, é interessante vsitar as plantações de tabaco e entender um pouco o processo de fabricação dos charutos.



            Viñales é, aliás, a terra do Monte Cristo, uma das marcas mais famosas. E para quem quer conhecer uma fábrica de verdade, basta pegar uma máquina. A 2 CUC a passagem e 20 minutos de carro, está Pinar del Río, capital da provincia de mesmo nome, onde está localizada uma das fábricas mais importantes do país, a Francisco Donatien. Ela produz atualmente alguns tamanhos de Cohiba, Monte Cristo e Romeo y Julieta. O turista vê todo o processo, só não pode fotografar. Outra fábrica que recebe visitantes é a do destilado Guayabita del Pinar. Depois, vale a pena andar pela cidade, que também tem arquitetura bem antiga e alguns centros de arte.
            De Viñales é possível também ir a praias paradisíacas. O passeio é combinado na própria casa onde se está hospedado. O transporte: os belos automóveis da década de 1950. Escolhemos Cayo Jutías, a uma hora de carro. Em Cuba, praia é pago: 5 CUC para estrangeiros e 5 pesos nacionais para nativos. Depois da portaria, a máquina segue um bom pedaço do caminho asfaltado cercado pela água.
Na praia, a imagem é algo tão impressionante que pensei até que fosse artificial. Nunca vi uma água tão clara, quase leitosa. E, junto com a areia branca, só óculos escuros para ajudar o olho a enxergar tamanha beleza. Praia boa para quem gosta de água quente e nenhuma onda. Lugar ótimo para passar o dia. Tem uma boa estrutura, com ducha na areia e vestiários masculino e feminino com banheiro. Há ainda um restaurante, sem muitas opções de comida.



Para quem aprecia a boa gastronomia, estar é Viñales é sinônimo de comer MUITO bem. Há boas opções de restaurantes, mas a dica de todos os viajantes é unânime: faça as refeições na casa onde está hospedado. Foi assim que nos encantamos ainda mais pela Villa Los Ñañes (todas têm um nome). A casinha era um charme: quatro com duas camas de casal, ar-condicionado, ventilador, limpo e bem arrumado, banheiro e uma área com cadeiras de balanço, cozinha e a mesa das refeições, além do jardim - espaço totalmente independente do dos donos da propriedade.
A comida foi a melhor que experimentamos em Cuba, preparada pela dona da casa, a jovem e simpática Yinerys, que não repetiu nem um prato nas quatro noites em que lá passamos. Como o sogro dela, Renné, tem uma pequena fazenda, Yinerys  serviu uma variedade incrível de sucos, frutas, verdures e legumes. Fartura no café da manhã e jantar, pelo preço de 3 CUC e 10 CUC por pessoa, respectivamente. Lagosta, camarões e até carne de tartaruga estiveram à mesa, com acompanhamentos fora do normal.
E os momentos agradáveis foram ainda mais completos pelos momentos passados ao lado de pessoas boas. Jamais nos esqueceremos do carinho de Renné e família e da tarde gostosa que passamos em sua fazenda, um lugar maravilhoso localizado dentro do parque nacional. Algo que começou como negócio, traduzido na hospedagem, se transformou, no fim, numa sincera relação de carinho.

RECOMENDAMOS:
           
Vila Los Ñañes
(Reinier e Yinerys)
Calle Salvador Cisneros, 7-A
Viñales, Pinar del Río
048-69 69 98

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

OS CARROS ANTIGOS


Estar em Cuba é como estar dentro de um filme antigo, daqueles ainda em preto e branco. Não só pela arquitetura esplendorosa (embora malconservada em muitos pontos de Havana), mas por personagens muito especiais: os carros antigos. “As máquinas”, como são chamados por lá, impressionam até quem não liga a mínima para carros. E dar uma volta neles, tendo o Malecón como cenário e o mar do Caribe ao alcance dos olhos é como ser um astro de cinema, na vida bem real.


Fords e Chevrolets da década de 1950 dividem espaço com automóveis modernos – sim, há carros novíssimos na terra de Fidel, para cubanos e disponíveis na estatal de aluguel de veículos para estrangeiros. Algumas máquinas ainda conservam as peças originais, mas muitas têm já motores atuais, para aguentar o tranco do trabalho diário dos taxistas. Por 2 a 5 CUC é possível se deslocar tranquilamente numa belezinha dessas num táxi coletivo ou, combinando preço especial, numa corrida privativa.
No interior, as máquinas são ainda mais presentes e são um dos principais meios de transporte dos cubanos entre uma cidade e outra. Não importa o lugar: segure a porta se ela estiver caindo e deixe-se levar!


LOCOMOVER-SE POR CUBA


Como disse em tópico anterior, Cuba socialista é só para cubanos. E isso vale para o transporte em Havana. Táxis são boa opção, pois são baratos. O ônibus vermelho de turismo de dois andares é imprescindível para quem quer conhecer Havana inteira. Pode-se descer, visitar os lugares e remontar no ônibus quantas vezes forem necessárias, pagando apenas 5 CUC (o ônibus tem ponto perto dos principais hotéis).
No interior, misturar-se é mais fácil, e você pode pegar até mesmo os caminhões que levam dezenas na carroceria sem cobrar nem um tostão.
Na capital, andar a pé é seguro a qualquer hora do dia e da noite. E se a intenção é viajar pelo interior, há uma rodoviária específica, com um ônibus específico para o estrangeiro: da empresa Viazul.

 
Nesse caso, a melhor opção mesmo é procurar nos hotéis pelas excursões feitas pelas duas empresasde turismo do país: Cubanacan e Habanatur. Tenho horror a viajar em grupo de turistas, mas, lá, excursão significa apenas um ônibus ou van (dependendo da quantidade de passageiros) que te leva ao destino, da mesma forma que o transporte da rodoviária e, incrível, pelo mesmo preço. Com a comodidade extra de você sair do hotel.
Como não verificamos antes o horário (normalmente é uma vez por dia), perdemos essa mamata e tivemos de enfrentar a rodoviária, o que acabou sendo interessante, pois deve ser uma das poucas onde a nossa bagagem é colocada na esteira e você só recupera no destino final, como nos aviões).


HOSPEDAR-SE EM CUBA


Os hotéis em Havana são, de forma geral, maravilhosos. E, se reservados no Brasil, saem bem em conta. A melhor opção são esses sites especializados, muito mais baratos que as agências de turismo convencionais - mas no Brasil há pouquíssimas opções para Cuba. Ah! Uma dica: antes de comprar, ligue e pergunte se a cobrança é em real. Há alguns que mostram a tarifa em real, mas cobram em dólar, como a Decolar.com.
Uma diária que compramos por R$ 76, custava R$ 86 CUC (R$ 172) no balcão. E como gosto de reservar apenas uma noite para ter a certeza de que o hotel é realmente bom (fotos enganam muitas vezes), tive que recorrer à internet em Havana para garantir as outras diárias.
Outra opção são as casas particulares, também de famílias autorizadas pelo governo a receber turistas estrangeiros. A diária sai, em Havana, entre 25 e 30 CUC (US$ 25 e US$ 30). No interior ela custa 20 CUC.


DICA: Não deixe absolutamente nada de valor à vista e leve o dinheiro para onde for. Apesar de atendimento de primeira, os hoteis em Havana são conhecidos pelos furtos. No único dia em que não tranquei a mala e, ao mesmo tempo, me esqueci de pôr na porta a placa para a camareira não fazer a limpeza, me levaram 150 euros (mais de R$ 400). Nem pude reclamar porque só descobri ao chegar ao Panamá, quase duas semanas depois, quando mexi no dinheiro pea primeira vez. A pessoa fez tão bem feito que tirou apenas uma parte, sem fazer bagunça nas minhas coisas - suponho que pensando que se levasse tudo eu desconfiaria na hora (ainda bem que ela não sabia que eu não estava tocando no dinheiro!).

Apesar disso…

RECOMENDAMOS:

Hotel Deauville
Muito bem localizado, na Havana Velha (pode-se ir a pé ao centro histórico), atendimento cortês, bom café da manhã e quartos amplos. 


GASTRONOMIA CUBANA


Come-se muuuito bem em Cuba. Para quem gosta de frutos do mar, é uma oportunidade e tanto de se deliciar com camarões e lagosta a preços inacreditáveis. Alimentação é muito barata, até mesmo nos restaurantes mais chiques. Para se ter uma ideia, pogar 20 CUC (o equivalente a US$ 20) por uma refeição é um dos valores mais caros. É possível comer lagosta, por exemplo, a 12 CUC, numa quantidade honesta. Pratos com carne de porco ou frango sai na faixa dos 6 CUC.
Mas se quiser mesmo se esbaldar, nada melhor que procurar algum “Paladar”, nome que se dá aos restaurantes em casa de família, autorizados pelo governo a atender turistas estrangeiros. Nos hotéis, qualquer funcionário conhece um bom endereço e, andando pelas ruas, é fácil ver milhares de opções.
Tivemos a sorte de cair direto num dos melhores de Havana, não tenho dúvidas: o Maguey, comandado pela simpática Ada. Chegamos à noite ao hotel e já passava das 22h quando saímos para jantar. O restaurante do hotel estava fechado e, ao ser perguntado sobre alguma boa opção ao redor – já que ainda não conhecíamos nada – o porteiro nos levou à casa de Ada. Levou-nos e ainda queria nos buscar e, o mais impressionante, não pediu dinheiro (em Havana, não falta gente que te pede dinheiro depois de um ato aparentemente gentil).
Pegamos 2 pratos. Eu, uma mariscada grelhada (peixe, camarões e lagosta) e Alain só lagosta. Quase caímos para trás quando vimos a comida chegar, pois ainda havia os acompanhamentos: arroz crioulo (uma especialidade cubana), salada farta e outras delícias. O mais impressionante é que no caso da lagosta pura havia uns 5 filés enormes e bem gordinhos (em nenhum outro restaurante encontramos filé, por isso, ficou a dúvida de onde saiu aquela maravilha).
Nem precisa dizer que no dia seguinte passamos a pedir apenas 1 prato (20 CUC). E que batíamos cartão no almoço e no jantar, pois duas vezes em que tentamos outra opção não foi tão bom. Num restaurante do centro histórico, pagamos menos, mas comemos menos. Num outro paladar, foi um desastre: nunca ouvi dizer que lagosta tem gosto e textura de frango, mas a dona jurou de pé junto que o jeito de passar o filé (uma coisa fina e tostada na prancha) dava o gosto diferente. Pode??? Paguei, mas saí contrariada.

RECOMENDAMOS:
Paladar Maguey
Amistad, nº 11, Havana Velha

domingo, 12 de agosto de 2012

SOCIALISMO? SÓ PARA CUBANOS


Cuba é realmente um país socialista. Mas é só para os cubanos. Você, acostumado com o capitalismo puro e duro, que continue com ele. Inclusive em terra socialista. A diferença já começa na moeda. Enquanto os nativos usam o peso nacional, os estrangeiros pagam com pesos convertíveis (CUC). Ele tem o mesmo valor do dólar, logo, em tempos de alta da moeda norte-americana, a viagem fica um pouquinho salgada. E equivale a 25 vezes o peso cubano. Logo, pagamos 25 vezes mais para tudo.
A equivalência em relação à moeda dos Estados Unidos é apenas mera semelhança. Se você pensa em visitar Cuba, não leve dólares para tocar, pois há uma sobretaxa de 10% no câmbio. Leve apenas euros. E não precisar pechinchar a melhor taxa. Lá, não tem essa de mercado negro competindo com casas oficiais. Você troca nos hotéis mesmo, por um preço justo e, como eu disse num post anterior, em país socialista, os preços são os mesmos em qualquer parte.
A curiosidade me levou logo no primeiro dia a perguntar de cara quanto pesos nacionais representava 1 CUC. Não sei dizer por que, mas a primeira resposta, de três vezes mais, não me convenceu. Tirei a prova dos três e encontrei variações de cinco vezes e 20 vezes. Bem, só descobrimos que 1 CUC é igual a 25 pesos nacionais depois que um casal de turistas, ela inglesa e ele francês, nos contou o real valor. E eles só descbriram depois de entrar numa casa de câmbio e pedir pra trocar o dinheiro do turista pelo dos nativos.
Isso é mais um aspecto interessante. Apesar de a moeda de cada um ser bem demarcada, o estrangeiro pode entrar tranquilamente em qualquer loja Cadeca, a casa de câmbio oficial, e trocar pelos pesos cubanos sem problema algum. Como colecionadora do dinheiro de outros países, fui toda cheia de dedos, pensando se esse seria argumento suficiente para a troca e, para minha surpresa, nem meu passaporte pediram.
Bem, podemos também usar a moeda nacional, nada impede. Nos pequenos comércios de rua e nas vendinhas armadas de forma improvisada nas janelas das casas há sorvete, sanduíches, sucos, café e tudo mais. Se você é do tipo que não liga de comer não importa o quê nem onde, manda bala, porque sai tudo muito barato! Cuidado só com os riscos de pegar, por exemplo, uma giárdia, como ocorreu com o turista francês, que ficou uns bons dias à base de antibiótico…
O sistema cubano é mesmo algo difícil de entender. Da mesma forma que não somos impedidos de usar a moeda oficial, eles também usam o CUC – pelos motivos óbvios, não preciso dizer que é a preferida deles, né? No nosso primeiro jantar, como não havia cbrança dos 10%, deixamos uma gorjeta de 3 CUC para a mulher que nos serviu (ela é a cozinheira e dona do restaurante), receosos de que era pouco. Só depois, quando descobrimos as proporções, entendemos o tamanho do sorriso dela…



Há várias lojas e supermercados que operam com os preços em CUC. Assim, os cubanos podem pagar em CUC mesmo ou o valor correspondente com os pesos nacionais. Aliás, é um entre e sai impressionante de cubanos das Cadecas, trocando seus pesos convertíveis pelos nacionais. Restaurantes são todos em CUC.
Mas, em alguns lugares, você que vive no capitalismo assumirá isso em público. Nas praias, por exemplo, enquanto o cubano paga 5 pesos nacionais – volto a lembrar que o salário mínimo é de 250 MN (moneda nacional) -, o estrangeiro paga 25 CUC.  Se quiser assistir a algum espetáculo numa boa casa de shows, prepare-se: eles pagam 10 MN e nós, 10 CUC.
É assim, se quiser conferir como é o regime, “hay que pagar”. Mas vale a pena!

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

LA HAVANA


Havana é simplesmente encantadora. A começar pelo mar. Em pleno Centro da cidade, é possível ver o fundo dele, de tão claro que é. Há quem se arrisque a nadar, mas com tantos rochedos, o melhor mesmo é escolher algum canto do Malecón para admirar aquelas águas. O Malecón é um muro que se estende por oito quilômetros pela costa norte de Havana. Lugar em que turistas e nativos batem cartão a qualquer hora do dia e da noite – principalmente à noite, para um merecido refresco.
Havana Velha é, sem dúvida, a parte mais castigada, com prédios belíssimos caindo aos pedaços. Explica-se: muitos deles são residenciais e foram entregues às famílias na época da revolução. Sem dinheiro para restaurar, muita gente os deixa como estão. Há poucos em reforma. A maioria deles são edifícios públicos ou de interesse turístico ou,, então aqueles particulares cujas famílias têm autorização para hospedar turistas. Outras regiões da cidade têm arquitetura magnífica e bem conservada e os bairros nobres impressionam.
Outra mazela é a prostituição, descarada 24 horas dentro e na porta dos pincipais hotéis e no entorno dos principais pontos turísticos. Sinceramente, não conseguimos entender como isso é possível num país socialista, onde todos têm ao menos o mínimo para viver e os problemas sociais são combatidos com tanta veemência. O assédio a turistas de ambos os sexos é absurdo. No caso dos homens, basta um segundo sozinho para uma mulher já chegar atacando. Mas se estão acompanhados, o respeito é absoluto.


Maltrapilhos estão por todas as partes e a primeira impressão é de que há milhares de indigentes. Alguns dias depois, entrando no mundo cubano e conversando com os nativos, você descobrirá que são pessoas de alto nível intelectual, trabalhadores e pessoas de uma educação ímpar – o que dá vergonha de pensar na situação do Brasil.
Nas praças é possível ver a rigidez do ensino e, mais uma vez, a educação das crianças. Elas fazem aulas de educação física ao ar livre, sem confusão e gritaria. Quando a professora acaba a aula, todos voltam com rapidez e disciplina para a escola, sem deixar rastro de que uma turma enorme acabou de passar por ali. E o mais importante: sempre sorridentes.
Tivemos sorte também de nos depararmos  com uma apresentação de dança de um grupo de estudantes também na praça. Pais orgulhosos filmavam e fotografavam. Quem passava pelo local aproveitou para dar uma espiada. Figurino de primeira, maquiagem e passos acertados. Um espetáculo! Tudo sendo filmado pela televisão estatal, para transmissão no Dia das Crianças, em julho.


Outra característica de Havana: bastam alguns minutos sentado em qualquer lugar para aparecer um nativo pedindo dinheiro. Quando eles pedem 1 peso, estão falando do peso convertível (CUC). Essa é a moeda do estrangeiro, com valor paritário ao dólar e 25 vezes mais que o peso nacional. Falaremos mais adiante sobre ela. Chega um ponto que é chato e esse é mais um motivo para pensarmos, quando a gente acaba de chegar, que o país está miserável. Mas, na verdade, é bastante falta de vergonha na cara. E isso ocorre com muita frequência numa conversa aparentemente agradável e inofensiva. No final, eu já desconfiava de simpatia demais e apenas esperava o “bote”.
Aquela história de que eles pedem caneta, papel higiênico, sabonete etc. é verdade. Mas, agora, não é porque eles não têm acesso. Como eu dissemos em outro tópico, tudo isso é encontrado com facilidade em qualquer supermercado. E sim na tentativa de tirar vantagem. Conosco ocorreu algo curioso. Estávamos à mesa do lado de fora de um restaurante quando uma mulher me perguntou se eu não tinha sabonete e camisola para lhe dar. Ela não gostou da negativa e foi bem agressiva – uma grande surpresa, pois os cubanos são bem agradáveis e gentis. 

DESCOBRINDO CUBA


O Nosso Mundo Aqui está de cara nova!!!

E mostra, a partir de hoje, um passeio sobre uma verdadeira pérola do Caribe: CUBA. Vamos começar com alguns aspectos do atual contexto social do país e, em seguida, avançaremos para serviços e dicas de passeios imperdíveis. Aproveitem!

Há muito tempo queríamos ir a Cuba, de preferência antes de Fidel morrer, já que há chances de tudo mudar. Chegando ao aeroporto, vem logo a sensação de uma sonho que se realiza. Sendo adepto ou não dos ideais socialistas, é inegável que ir para lá é se confrontar com um dos maiores ícones da história mundial. E não adianta pensar que você sairá de lá entendendo aquela gente e aquele sistema.
A compreensão de algo tão complexo é ínfima. Deve ser parte dos encantos do país, onde as incógnitas dão um ar de charme e instigam ainda mais a curiosidade. Desejos de liberdade se misturam a uma tristeza profunda nos olhares, enquanto esperanças de dias melhores andam lado a lado com um orgulho ferrenho de ser cubano, sem o capitalismo. Na terra onde Fidel é lei (no bom sentido) e rei de seu povo, as belezas naturais tiram o fôlego e mostram logo de início porque, não somente Havana, mas o país inteiro era considerado pelo seu maior opositor, os Estados Unidos, como a pérola do Caribe.
Logo se constata também que a desinformação sobre Cuba é enorme. A defesa da revolução já passa pela segunda geração, que parece contente com o regime. Raul Castro não é tão bem aceito, mas de Fidel não há um que fale mal. Os cubanos ainda não podem viajar livremente, apenas mediante autorização do governo e com comprovação da origem do dinheiro - o que os deixa insatisfeitos -, mas têm, em contrapartida, saúde, educação e segurança de qualidade. Médicos, remédios e escola são de graça.



Só não chega ao topo dos estudos quem não quer. O governo dá de livros a uniforme, da escola infantil à universidade. Faltou a aula? A professora vai até sua casa saber o que está acontecendo. Não quer mais estudar? Em Cuba não há esta opção e, para esses casos, há escolas especiais, espécies de internatos. Instituições de ensino superior estão por todos os lados, até mesmo em vilarejos. Qualquer pessoa na rua que você pensa ser um medigo fala, pelo menos, duas outras línguas.
Qualquer um pode andar pelas ruas de madrugada, com equipamento fotográfico a tira colo, que ninguém vai assaltar. Outro ponto importante: todos têm moradia. As famílias vivem juntas na mesma casa. Quem tiver dinheiro para comprar outro imóvel ou pagar aluguel, que fique à vontade para se mudar.
Comida e produtos de limpeza e higiene são acessíveis em qualquer supermercado. Mas o governo mantém a ração de produtos básicos. Nos armazéns, cada família tem direito a certa quantidade de arroz, feijão, legumes e até cigarro - tudo controlado e devidamente anotado numa caderneta. O peso a que cada um tem direito varia de acordo com a safra e paga-se um valor irrisório. No campo, com produção in loco, essa racionamento, mais próprio de Havana, parece menos rígido e as opções de legumes e verduras são bem maiores.



Vez ou outra aparecem reportagens mostrando como o professor em Cuba ganha mal, como vimos recentemente numa emissão francesa: menos de 100 dólares. Para se ter uma ideia, o salário mínimo cubano está na casa dos US$ 10, pouco mais de R$ 20 atualmente. Mas, o que todos omitem é o que os professores podem fazer com 100 dólares ou os assalariados com 10 dólares. Na moeda local, US$ 10 equivalem a 250 pesos cubanos. Num país onde saúde, educação e até muitos meios de transporte são gratuitos, quem tem esses vencimentos, obviamente, não é rico, mas tem o suficiente para viver bem – palavras dos próprios cubanos. Para nível de comparação, o cafezinho que pode ser comprado nas janelas das casas, em vendinhas improvisadas, deve ser o mais barato do mundo e custa 1 peso cubano. Um sorvete sai em torno de 5 e um sanduíche, 10 pesos.
O comércio está bem mais aberto. E com uma grande vantagem: em terra socialista não é preciso pechinchar. Os preços variam nada ou muito pouco. Produtos vendidos em supermercado terão o mesmo preço seja na capital seja no interior do país.



E, não poderíamos deixar de comentar, o ideal revolucionário está em todo lugar. Em outdoors e placas espalhadas por ruas e avenidas, frases dos grandes líderes revolucionários, como José Martí, Che Guevara, Fidel e Raul Castro deixam claro que eles estão mais vivos do que nunca. Em frente a prédios residenciais, sinalização de comitês revolucionários também são a prova de que a população não só é vigiada, como também vigia e sabe de tudo o que se passa na terra de Fidel. Como nos disseram alguns: conversar sobre política, só em casa e com o volume da televisão bem alto. 

domingo, 8 de julho de 2012

EXPOSIÇÃO PRORROGADA

A exposição fotográfica "Viagem pelo Rio São Francisco" foi prorrogada e ficará no Aquário da Bacia do São Francisco, no Zoológico de Belo Horizonte, até o fim de julho. A mostra está imperdível! São 40 fotos que retratam a vida no Velho Chico da nascente, em Minas Gerais, até a foz, no Nordeste do Brasil.

Os catálogos da exposição continuam à venda nas livrarias Ouvidor, Mineiriana e Café Book. Os livros também podem ser adquiridos diretamente com o autor, através do e-mail alain7dhome@gmail.com.

O endereço do zoológico de BH éAvenida Otacílio Negrão de Lima, 8.000, Pampulha. A exposição pode ser cpnferida de terça-feira a domingo, das 8h às 16h.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Livro "O São Francisco"

Quem é amante das águas do Velho Chico, é apaixonado por fotografia ou, simplesmente, gosta de apreciar algo novo e belo não deixe de conferir o catálogo "Rio São Francisco". O livro, de Alain Dhomé, contém as fotos da exposição, que está em cartaz no Aquário da Fundação Zoo-Botânica até dia 24 de junho.

A obra está à venda na Livraria Ouvidor (Rua Fernandes Tourinho, 253, na Savassi), na Mineiriana (Rua Paraíba, 1.419, também na Savassi) e no Café Book (Rua Padre Rolim, 616, Santa Efigênia). Ou direto com o autor, através do e-mail alain7dhome@gmail.com.

Realmente, vale a pena! É uma viagem e tanto da nascente à foz, de Minas Gerais até a divisa entre Alagoas e Sergipe, passando ainda por Bahia e Pernambuco.


segunda-feira, 28 de maio de 2012

O VELHO CHICO



 Exposição retrata diversidade sociocultural do Rio São Francisco

Exposição, que conta com 40 imagens, é exibida no Aquário da Bacia do Rio São Francisco na Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte


Os personagens, a paisagem e a história que acompanham o curso d’água do “Velho Chico” ao longo de cinco Estados brasileiros. Esses são os temas das 40 imagens que compõem a exposição “Viagem pelo Rio São Francisco”, à mostra no Aquário da Bacia do Rio São Francisco de 29 de maio a 24 de junho, com visitação, de terça-feira a domingo, das 8h30 às 16h. As fotos foram captadas pelo fotógrafo franco-brasileiro Alain Dhomé em viagens feitas pelos percursos do rio, de 1999 a 2003, e que se estenderam por Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.

O objetivo da exposição —que já passou por Brasília, França e Colômbia— é mostrar a riqueza natural e cultural que surge a partir desse importante curso d’água e fazer um apelo para a conservação de um dos maiores símbolos do Brasil. As fotos, no formato 60cm x 90cm, mostram o caminho que o descobridor daquelas águas exuberantes, o navegador italiano Américo Vespúcio, não fez, da foz, na fronteira de Alagoas com Sergipe, até a nascente na Serra da Canastra, em Minas Gerais.

“O povo brasileiro precisa conhecer melhor uma de suas maiores riquezas: o Rio São Francisco, considerado a coluna vertebral da conquista do território nacional. A exposição é uma homenagem ao povo ribeirinho, que tanto ama o Velho Chico e serve como um grande instrumento de educação e preservação do rio”, afirma Dhomé. Ele explica que, além da exposição, as viagens resultaram em catálogo fotográfico, com patrocínio da Copasa e apoio da Belotur, Fundação Zoo-Botânica e Prefeitura de Belo Horizonte. Um livro sobre o Velho Chico, com os maiores estudiosos sobre o assunto, doutores das melhores universidades brasileiras, está sendo produzido.




Serviço
Exposição Fotográfica “Viagem pelo Rio São Francisco”, de Alain Dhomé
Data: 29 de maio a 24 de junho
Horário: De terça-feira a domingo, das 8h30 às 16h
Local: Aquário da Bacia do Rio São Francisco / Fundação Zoo-Botânica (Avenida Otacílio Negrão de Lima, 8000 – Pampulha - Belo Horizonte/MG)
Entrada para a exposição: gratuita
Entrada para o Aquário: R$ 5 por pessoa (gratuita para crianças com até 7 anos de idade, maiores de 60 anos, estudantes de escolas públicas e entidades filantrópicas).



IMENSO PORTUGAL – PORTO COVO



            Lisboa dispensa comentários e é nossa parada obrigatória sempre que vamos à Europa. Afinal, viajando de TAP, que concede um stop gratuito na ida ou na volta, ficou muito mais fácil. O passageiro pode ir para Lisboa ou Porto, sem alteração no preço da passagem, mas a parada em Lisboa é obrigatória, por causa da alfândega.
            Ano passado, queredo explorar um pouco mais o país, fomos parar na litorânea Porto Covo, atendendo sugestão de um gentil dono de restaurante em Belém, Lisboa. Simples: 3 horas de trem para a região do Algarve, um dos principais destinos de férias dos portugueses. Fomos de mala e cuia (menos mala e mais cuia, já que deixamos parted a bagagem no hotel de Lisboa).
            A decepção foi enorme quando chegamos. O ponto do ônibus é num lugar onde há nada. Caminhamos um pouco até o único hotel da cidade, pensando seriamente que era furada e que deveríamos sair logo logo dali. Mas bastou um pouco de paciência e caminhar para o outro lado para descobrir que, ali, é um lugar ma-ra-vi-lho-so. É uma Minas Gerais com mar, com todos os casarões históricos com paredes pintadas de branco e janelas de azuis. É realmente Minas Geras!
A poucos metros da parada de ônibus, estão concentrados bares, restaurantes e todos as opções de estadia. O forte da cidade são os aluguéis de casas e apartamentos megaconfortáveis e bem mais barato que o hotel.
A região tem praias lindíssimas fáceis de chegar. O mar é de um azul explêndido, mas gelado. Por todos os lados, gente boníssima e simpática. Assim como em Lisboa, impossível não comer bem – os camarões são um espetáculo à parte. 

PROVENCE



            Entre lavandas e olivas, lá está Aix-En-Provence, no Sul da França. É outro lugar do qual dá vontade de nunca mais sair. No verão, é quente! De trem, são 3 horas a partir de Paris. No Centro, a história marca presença na arquitetura e nas tradições comerciais. As feiras são referência e vendem de frutas e verduras (morangos e cerejas de um doce e uma cor jamais vistos), passando pelo são de Marselha, até os temperos famosos da região (ervas finas e erva de Provence) que, na comida, fazem a diferença. É preciso ficar atento, pois os preços podem ser superiores aos de Paris.
            Não tem como não se encantar pela beleza da região, mais ainda quando se conhece Egüille, uma cidadezinha localizada a 20 minutos de carro do Centro de Aix. Ela foi construída no alto da colina, de onde é possível avistar os campos vastos e montanhas. Por todo o lado, nas ruas mesmo, as lavandas dão um colorido maravilhoso e deixam o olfato impregnado do doce aroma. A traquilidade é outro fator que chama a atenção: longe do centro comercial e turístico de Aix, ir à padaria ou às cooperativas para saborear os produtos típicos da região fica muito mais agradável.

BRETANHA



Depois de muito tempo sem escrever, volto com mais notícias sobre as belezas mundo afora!

Nem mesmo os olhares mais insensíveis seriam capazes de não se deixar levar por aqueles cenários… As paisagens mais parecem pinturas e, em vários momentos, a impressão é de se estar dentro de um quadro ou de um filme de composição impecável, dada a  intensidade da luz natural e do jogo de cores. A Bretanha, na porção Oeste da França, é assim: enche de orgulho seus moradores e marca as lembranças de quem a visita. Nuances e tons inigualáveis se juntam a histórias, sabores e tradições que fazem da cultura bretã um rico legado e põem a região no roteiro obrigatório de quem pretende explorar as maravilhas do território francês.
Saindo de Paris, são duas horas de trem até Rennes, a capital da Bretanha e maior cidade da região. É de lá que é feita a baldeação, de trem ou de ônibus, para as cidadezinhas do entorno, em viagens que podem passar de três horas, dependendo do destino.  Num mesmo dia, é possível visitar vários locais, famosos pelos crepes doces e salgados e os frutos do mar. Dependendo da disposição, é possível ir de um vilarejo a outro de bicicleta, o que torna a viagem ainda mais econômica e agradável.
Na região do Finistério, uma das joias é Port-Manech, um vilarejo com 50 habitantes fixos. Dois pontos são atração: a praia e o porto. A praia é uma pequena extensão de areia branca, com uma água de um azul comparável apenas ao do Mediterrâneo ou do Caribe. Mas um detalhe desagrada o gosto tropical: a temperatura da água é muito baixa e, em pleno verão, pode chegar, em caráter excepcional, aos 20 graus. Na primavera, mesmo estando em 12 graus houve quem se arriscou a um banho de mar, como o companheiro deste blog. Para quem nasceu e cresceu em águas geladas, tudo é natural.
As famílias com casas na cidade têm cabines na praia: pode-se deixar toalhas, protetor solar e todo o aparato dentro delas. E o mais impressionante para quem é brasileiro: ninguém rouba. No outro ponto mais frequentado, o porto, é um entre e sai de barcos a motor e à vela.
Outro bom programa é fazer uma caminhada pela Côte Sauvage (a costa selvagem, em português). São trilhas nos rochedos que margeiam o mar, num cenário de exuberância plena. No caminho, damos de cara ainda com o Dedo de Deus, uma pedra que parece indicar que aquele paraíso é mesmo obra divina.


https://picasaweb.google.com/alain7dhome/Bretanha

CIDADE FORTIFICADA A próxima parada, a 20 minutos de carro, é Concarneau, uma cidade marítima de aproximadamente 20 mil habitantes. A Ville close, a cidade fechada – um antigo forte, é hoje povoado de cafés, restaurantes e lojas que vendem produtos típicos.
De Concarneau para Pont-Aven, famosa pelas galerias de pintura e escolas de arte e também pelos crepes extraordinários e biscoitos caseiros. A arquitetura secular, lagos e jardins dão a ideia da hospitalidade da Bretanha. De dia ou de noite, o charme da cidade conquista pelo bom gosto e aconchego.
Se a vontade é comer frutos do mar, a parada obrigatória é Riec sur Belon, cidade cortada pelo Rio Belon e muita famosa na França pelas ostras enormes. Muitos restaurantes têm criatórios de ostras no próprio estabelecimento, sendo possível comê-las fresquinhas e a um preço bem acessível.
ATÉ O ASTERIX Depois de comer tanto, por que não dar uma volta pelo mundo dos quadrinhos? Pelo menos é assim que todos se sentem ao chegar à vila de chaumière (casas típicas feitas de colmo, na tradução em português), mais conhecida como a “aldeia do Asterix”, localizada a cerca de 6 quilômetros de Port-Manech.
Imperdível ainda é o pôr-do-sol, em qualquer um desses lugares. De Kerdruc é possível ver os últimos raios de sol iluminando o outro lado do Rio Aven, no porto do vilarejo de Rosbras. Ou ainda, curtir as últimas luzes do sol sentado nas areias da praia de Port-Manech, em frente ao antigo casarão que será um hotel, apreciando o azul inigualável do mar, um tom dourado indescritível refletido nas rochas e um grupo de amigos que chega num bote, munidos de champagne para brindar o aniversário de alguém que está em terra firme.