sábado, 5 de fevereiro de 2011

MATHURA


Mathura: cidade sagrada, a 140 quilômetros de Delhi, população de 320 mil pessoas, berço de Krishna. Reduto de hindus, é banhada pelo Rio Yamuna. Se em Delhi a quantidade de templos impressiona, por aqui, precisa nem dizer. Ornamentados com flores, estátuas, velas e muitas cores, podem estar num grandioso edifício, num cubículo ou até mesmo numa árvore.
Nas ruas e às margens do rio, homens, mulheres e crianças convivem e se misturam com cães, macacos, bois, porcos (que vêm da floresta, de acordo com os moradores, uma vez que os hindus não comem carne de espécie alguma) e vacas (o animal sagrado da Índia). Já passaram por aqui também camelos e elefantes. Com os macacos é melhor ter cuidado, pois eles são bem agressivos. Já as vacas andam tranquilas, comendo toda o tipo de coisas e com acesso livre a casas e lojas.
A paisagem tinha tudo para ser maravilhosa, não fosse o abandono de muitas construções – algumas delas, milenares -, o lixo espalhado por todas as partes e o esgoto correndo a céu aberto em canais de cimento construídos nas laterais de cada rua (ou no meio delas). O esgoto vai direto para o rio, que recebe, diariamente, além de flores, lixo de todo tipo. O que já não tem um odor nada agradável fica ainda pior com o cheiro de urina – seja na capital ou no interior, o banheiro predileto dos homens são as ruas (com ou sem muro e sem qualquer preocupação de se esconder). É um hábito, mesmo onde há banheiro público.
Mesmo assim, há cenas belíssimas, como a cerimônia das mulheres em homenagem a Yamuna, a primeira mulher do deus Krishna, que dá nome ao curso d’água.. Numa linda manhã ensolarada, dezenas delas acompanham um culto nas escadarias às margens do Rio Yamuna., todas descalças. Depois das palavras do brahman (o “padre” da religião hindu), elas ocupam oito barcos, que seguem cerca de 500 metros, até a outra margem do rio, cada uma com a missão de segurar o sari gigante e de estampas diversas que é desenrolado agilmente por homens que ficaram em terra firme.
Num semicírculo, elas deixam o pano cair na água, simbolizando um presente que é dado a Yamuna. Um nono barco é ocupado apenas  por homens, que resgatam o sari do rio. Na volta, a cerimônia continua com mais cantos, tambores, velas e flores.
Questionado sobre a periodicidade do culto, um jovem responde: “Todos os dias se elas quiserem. É só pagar ao brahman”. O preço por cabeça é de 1 mil rúpias (16,3 euros ou R$ 37), extremamente caros para os padrões indianos.

DO DIA:
Parece que éramos os únicos estrangeiros por aqui até o início da tarde, quando outro casal chegou. Bom para dividir o assédio dos nativos, que não se cansam de te acompanhar pela cidade inteira nem de oferecer barcos para fazer a travessia do Yamuna.
Esqueci de citar que na fauna de Mathura há também jacarés (ou algo muito parecido!). Numa volta à noite pela cidade, à base de lanterna (luz aqui vem e vai toda hora) quase pisei num filhote, que estava com uma família (de gente), na porta de casa. Que susto!
Precisamos chamar a polícia para um motorista de rickshaw. O esperto nos disse que cobraria 6 rúpias pela corrida (confirmamos o preço 3 vezes) e ao chegar ao local ele queria 600. Ainda teve a cara de pau de falar que oferecemos esse valor. Pagamos abaixo do preço de mercado: 20 para duas pessoas (normalmente, são 25 ou 30). Todo cuidado é pouco na negociação com o pessoal do ricksaw, seja de bicicleta ou motorizado, na chegada à cidade principalmente.
Muitos têm convênios com hotéis e, por isso, a missão de te convencer a se hospedar em determinado lugar. A nós, a 1h da manhã, garantiram que nosso hotel havia fechado. Mas, como tem sempre gente disposta a trabalhar honestamente, apareceu um homem para nos levar e pedalar 5 quilômetros. Uma das malas teve de ir na cobertura da bicicleta. Por várias vezes, notamos que ele não dava mais conta do peso. Tanto esforço rendeu a ele uma boa gorjeta e, a mim, um sorriso e um aperto de mãos dele, em sinal de agradecimento, que serão inesquecíveis. 

3 comentários:

  1. Très belles photos de Mathura, surtout au lever du soleil. Je sais, j'y étais et je vous ai même vu revenir des ghats.
    JC Mégret (de France)

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  2. Bravo Alain, tes photos sont magnifiques et celles de Mathura sont fantastiques, continue sur ta lancée.

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  3. Alain, quero ver mais fotos. Vamos trabalhar..., Rararaaaaa! Parabéns! Junia também está de parabéns pelo excelente material jornalístico.
    Abraços. Rocha Maia - Brasília / DF

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