Pequena cidade do estado do Karnataka, logo abaixo de Goa, Kundapura tem como principal atrativo uma praia livre de turistas e até mesmo de nativos. Correnteza forte, ondas pequenas e uma água deliciosamente morna são cenário perfeito para um banho de mar para lá de agradável. Mas estrangeiros acabam se tornando a atração principal da vizinhança. Se ao chegar há ninguém, o mesmo não se pode dizer depois de cinco minutos. Não se sabe de onde nem como, mas os indianos aparecem de repente e, sorrateiramente, espiam quem está na água. E podem ficar horas a fio, satisfazendo a curiosidade e a vontade – eles não passam da espuminha, só entram em grupo e vestidos da cabeça aos pés.
Se por um lado tudo é maravilha, de outro, toda a atenção ainda é pouca. Kundapura é reduto do BJP, o partido da extrema-direita hinduísta. Entre seus principais preceitos, está o ódio aos estrangeiros. Diante disso, a sensação de insegurança e de “personas non gratas” é constante e passa pelo olhar mortal de quem passa pelas ruas ao garçom do restaurante, que vai te servir com a cara mais amarrada do mundo, sempre vai errar o pedido e nunca vai te olhar – o que é melhor, pois do contrário, será com cara de quem quer te matar. Isso nos dois restaurantes localizados dentro do hotel, de altíssimo nível em termos de conforto, limpeza e atendimento.
Problemas até mesmo com a agência de viagem, que te vende um bilhete da pior compartimento do trem como se fosse de primeira classe – pelo menos descobrimos o golpe antes de embarcar.
Sendo assim, a melhor decisão às vésperas da final da Copa do Mundo de Criquet, o esporte nacional indiano, é deixar Kundapura e seguir viagem rumo ao Kerala. Já na semifinal, quando a Índia eliminou o Paquistão, a saída para a foto durou uns poucos minutos, devido aos ânimos um tanto quanto exaltados de quem passou a tarde bebendo. A confusão era iminente diante dos olhares agressivos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário