segunda-feira, 6 de agosto de 2012

LA HAVANA


Havana é simplesmente encantadora. A começar pelo mar. Em pleno Centro da cidade, é possível ver o fundo dele, de tão claro que é. Há quem se arrisque a nadar, mas com tantos rochedos, o melhor mesmo é escolher algum canto do Malecón para admirar aquelas águas. O Malecón é um muro que se estende por oito quilômetros pela costa norte de Havana. Lugar em que turistas e nativos batem cartão a qualquer hora do dia e da noite – principalmente à noite, para um merecido refresco.
Havana Velha é, sem dúvida, a parte mais castigada, com prédios belíssimos caindo aos pedaços. Explica-se: muitos deles são residenciais e foram entregues às famílias na época da revolução. Sem dinheiro para restaurar, muita gente os deixa como estão. Há poucos em reforma. A maioria deles são edifícios públicos ou de interesse turístico ou,, então aqueles particulares cujas famílias têm autorização para hospedar turistas. Outras regiões da cidade têm arquitetura magnífica e bem conservada e os bairros nobres impressionam.
Outra mazela é a prostituição, descarada 24 horas dentro e na porta dos pincipais hotéis e no entorno dos principais pontos turísticos. Sinceramente, não conseguimos entender como isso é possível num país socialista, onde todos têm ao menos o mínimo para viver e os problemas sociais são combatidos com tanta veemência. O assédio a turistas de ambos os sexos é absurdo. No caso dos homens, basta um segundo sozinho para uma mulher já chegar atacando. Mas se estão acompanhados, o respeito é absoluto.


Maltrapilhos estão por todas as partes e a primeira impressão é de que há milhares de indigentes. Alguns dias depois, entrando no mundo cubano e conversando com os nativos, você descobrirá que são pessoas de alto nível intelectual, trabalhadores e pessoas de uma educação ímpar – o que dá vergonha de pensar na situação do Brasil.
Nas praças é possível ver a rigidez do ensino e, mais uma vez, a educação das crianças. Elas fazem aulas de educação física ao ar livre, sem confusão e gritaria. Quando a professora acaba a aula, todos voltam com rapidez e disciplina para a escola, sem deixar rastro de que uma turma enorme acabou de passar por ali. E o mais importante: sempre sorridentes.
Tivemos sorte também de nos depararmos  com uma apresentação de dança de um grupo de estudantes também na praça. Pais orgulhosos filmavam e fotografavam. Quem passava pelo local aproveitou para dar uma espiada. Figurino de primeira, maquiagem e passos acertados. Um espetáculo! Tudo sendo filmado pela televisão estatal, para transmissão no Dia das Crianças, em julho.


Outra característica de Havana: bastam alguns minutos sentado em qualquer lugar para aparecer um nativo pedindo dinheiro. Quando eles pedem 1 peso, estão falando do peso convertível (CUC). Essa é a moeda do estrangeiro, com valor paritário ao dólar e 25 vezes mais que o peso nacional. Falaremos mais adiante sobre ela. Chega um ponto que é chato e esse é mais um motivo para pensarmos, quando a gente acaba de chegar, que o país está miserável. Mas, na verdade, é bastante falta de vergonha na cara. E isso ocorre com muita frequência numa conversa aparentemente agradável e inofensiva. No final, eu já desconfiava de simpatia demais e apenas esperava o “bote”.
Aquela história de que eles pedem caneta, papel higiênico, sabonete etc. é verdade. Mas, agora, não é porque eles não têm acesso. Como eu dissemos em outro tópico, tudo isso é encontrado com facilidade em qualquer supermercado. E sim na tentativa de tirar vantagem. Conosco ocorreu algo curioso. Estávamos à mesa do lado de fora de um restaurante quando uma mulher me perguntou se eu não tinha sabonete e camisola para lhe dar. Ela não gostou da negativa e foi bem agressiva – uma grande surpresa, pois os cubanos são bem agradáveis e gentis. 

Um comentário:

  1. Junia, que delícia de texto sobre Cuba! Estou adorando essa viagem pelas suas palavras e pelas lentes do Alain, que está arrebentando nas fotos.
    Não vou perder os próximos capítulos.
    beijos!

    Saudades!
    Glória e Renato

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