Havana é simplesmente
encantadora. A começar pelo mar. Em pleno Centro da cidade, é possível ver o
fundo dele, de tão claro que é. Há quem se arrisque a nadar, mas com tantos
rochedos, o melhor mesmo é escolher algum canto do Malecón para admirar aquelas
águas. O Malecón é um muro que se estende por oito quilômetros pela costa norte
de Havana. Lugar em que turistas e nativos batem cartão a qualquer hora do dia
e da noite – principalmente à noite, para um merecido refresco.
Havana Velha é, sem dúvida, a
parte mais castigada, com prédios belíssimos caindo aos pedaços. Explica-se:
muitos deles são residenciais e foram entregues às famílias na época da
revolução. Sem dinheiro para restaurar, muita gente os deixa como estão. Há
poucos em reforma. A maioria deles são edifícios públicos ou de interesse
turístico ou,, então aqueles particulares cujas famílias têm autorização para
hospedar turistas. Outras regiões da cidade têm arquitetura magnífica e bem
conservada e os bairros nobres impressionam.
Outra mazela é a prostituição,
descarada 24 horas dentro e na porta dos pincipais hotéis e no entorno dos
principais pontos turísticos. Sinceramente, não conseguimos entender como isso
é possível num país socialista, onde todos têm ao menos o mínimo para viver e os
problemas sociais são combatidos com tanta veemência. O assédio a turistas de
ambos os sexos é absurdo. No caso dos homens, basta um segundo sozinho para uma
mulher já chegar atacando. Mas se estão acompanhados, o respeito é absoluto.
Maltrapilhos estão por todas as
partes e a primeira impressão é de que há milhares de indigentes. Alguns dias
depois, entrando no mundo cubano e conversando com os nativos, você descobrirá
que são pessoas de alto nível intelectual, trabalhadores e pessoas de uma
educação ímpar – o que dá vergonha de pensar na situação do Brasil.
Nas praças é possível ver a
rigidez do ensino e, mais uma vez, a educação das crianças. Elas fazem aulas de
educação física ao ar livre, sem confusão e gritaria. Quando a professora acaba
a aula, todos voltam com rapidez e disciplina para a escola, sem deixar rastro
de que uma turma enorme acabou de passar por ali. E o mais importante: sempre
sorridentes.
Tivemos sorte também de nos
depararmos com uma apresentação de
dança de um grupo de estudantes também na praça. Pais orgulhosos filmavam e
fotografavam. Quem passava pelo local aproveitou para dar uma espiada. Figurino
de primeira, maquiagem e passos acertados. Um espetáculo! Tudo sendo filmado
pela televisão estatal, para transmissão no Dia das Crianças, em julho.
Outra característica de Havana:
bastam alguns minutos sentado em qualquer lugar para aparecer um nativo pedindo
dinheiro. Quando eles pedem 1 peso, estão falando do peso convertível (CUC).
Essa é a moeda do estrangeiro, com valor paritário ao dólar e 25 vezes mais que
o peso nacional. Falaremos mais adiante sobre ela. Chega um ponto que é chato e
esse é mais um motivo para pensarmos, quando a gente acaba de chegar, que o
país está miserável. Mas, na verdade, é bastante falta de vergonha na cara. E
isso ocorre com muita frequência numa conversa aparentemente agradável e
inofensiva. No final, eu já desconfiava de simpatia demais e apenas esperava o
“bote”.
Aquela história de que eles pedem
caneta, papel higiênico, sabonete etc. é verdade. Mas, agora, não é porque eles
não têm acesso. Como eu dissemos em outro tópico, tudo isso é encontrado com
facilidade em qualquer supermercado. E sim na tentativa de tirar vantagem.
Conosco ocorreu algo curioso. Estávamos à mesa do lado de fora de um restaurante
quando uma mulher me perguntou se eu não tinha sabonete e camisola para lhe
dar. Ela não gostou da negativa e foi bem agressiva – uma grande surpresa, pois
os cubanos são bem agradáveis e gentis.
Junia, que delícia de texto sobre Cuba! Estou adorando essa viagem pelas suas palavras e pelas lentes do Alain, que está arrebentando nas fotos.
ResponderExcluirNão vou perder os próximos capítulos.
beijos!
Saudades!
Glória e Renato